Encarando Desejos
O desejo está à porta. Cabe a você dominá-lo.
Muitos ainda associam a palavra desejo exclusivamente ao contexto sexual ou financeiro. Eu acho que esse é o caminho mais fácil de se trilhar.
Olhando apenas dessa perspectiva, muitos se sentem “melhores” diante de outros, porque são “fortes” quanto aos seus desejos sexuais e/ou equilíbrio quanto às finanças.
O problema dessa perspectiva limitada é que ela elimina do raio de visão os demais desejos, aqueles que se manifestam de forma sutil na vida ordinária e nas mais simples ações.
O desejo de dominar, o desejo de sobrepujar o outro, o desejo de ser reverenciado, o desejo de ser aceito a todo custo, o desejo de ser amado, o desejo de ter o que o outro conquistou “tão fácil”, o desejo pelo poder, o desejo da grama vizinha sempre verde, o desejo de ser bem quisto, o desejo de vencer numa vida efêmera , o desejo de vencer a discussão, o desejo que está sempre competindo sabe-se lá com quem ….
São tantos desejos disfarçados de tantas coisas que, na maioria das vezes, é ABSURDAMENTE difícil nomearmos como desejo.
São desejos quase invisíveis, não fosse o fato de que outros veem eles se manifestando em nós. Mas ainda que não vejam, você vê e às vezes só você vê e sabe que a origem de suas ações foram os desejos maliciosos do seu coração.
Vale aqui o parênteses que desejo não é vontade!
Vontade passa. Desejo fica latejando.
Entre ondas e ondas desejosas , somos pressionados a consumar atos em prol do que desejamos. Sabe por quê?
Porque o desejo é esse aí que está à sua porta. Ele bate insistentemente na sua porta, tal qual a viúva visita o juiz iníquo. Incansável !
O que devemos fazer com ele?
Eu prefiro ouvi-lo.
Ouvir atentamente o que ele está te dizendo.
Sugiro que se permita promover uma escuta ativa para entender as razões, raízes e intenções do seu desejo. Quanto mais conhecer a essência dessa manifestação, mais sóbria e pronta à confissão estará quando ele te visitar novamente.
Muitos aconselhariam você fugir. Eu prefiro olhar ele nos olhos, frente a frente. Sem desvios, sem desculpas, sem mimimi. Sóbria e disposta a confessá-lo ainda que isso “prejudique” minha imagem.
E sabe o que é melhor nesse processo ?!
É que no fundo você sabe. Ninguém pode saber, mas você sabe o porquê do desejo existir. Por saber, pode também reconhecer quão miserável e ruim você pode ser ou é. Você sabe e se torna seu próprio algoz, seu/sua acusadora. Também pode se tornar mais sóbrio, mais realista, quebrantado e combatente.
Saber exatamente quais são os desejos maliciosos que fervilham dentro de você (e NUNCA irão embora) significa ter sobriedade quanto à sua condição ruim e dependente de misericórdia, de favor imerecido.
Conhecer nossos desejos é instrumento de defesa muitas vezes. Autodefesa para proteger a si mesmo e defesa para proteger outros de serem reféns dos seus desejos.
Eu poderia citar 300 mil versículos pra convencer você, mas não o farei e nem tenho essa pretensão do convencimento.
Quando escrevo isso, você sabe exatamente do que estou citando. Você , melhor do que ninguém, sabe identificar quais desejos latejam dentro de você ardentemente.
Falo do lugar escuro e profundo que ninguém nunca viu. Ou como me disse a psicóloga uma vez, é o “quarto da bagunça” que você esconde seus desejos junto com tantas outras coisas que ainda não teve coragem de encarar e confessar.
Para além de qualquer texto bíblico que possa usar, você sabe que os desejos maliciosos do coração são uma merda!
Mas não fuja! Busque ser sóbrio quanto ele te visitar. Olhe ele nos olhos. Sorria ou chore. Decida o que fazer. Ceder a ele, nem sempre é o melhor. Fugir, nunca deve ser opção!
O desejo está à porta. Cabe a você dominá-lo.
Esta é só mais uma reflexão aleatória e sem qualquer intenção de aconselhamento. 😊
Que o Espírito Santo, o Consolador, o penhor da nossa herança, te ajude nesse processo!
01 de setembro de 2023 (sim, eu publique textos de forma tardia! )